Eventos climáticos extremos geraram prejuízos de US$ 2 trilhões na última década

Relatório aponta tendência crescente nos custos dos eventos extremos entre 2014 e 2023, com pico em 2017.
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Redação
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13 novembro 2024
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O financiamento climático não é uma questão de caridade, mas uma necessidade urgente, como destacou Simon Stiel, secretário-executivo da UNFCCC, na abertura da COP29. Essa urgência é reforçada por um novo relatório da International Chamber of Commerce (ICC), que evidencia a crescente magnitude dos custos gerados por eventos climáticos extremos ao redor do mundo.

De acordo com o estudo, os desastres relacionados ao clima causaram perdas econômicas globais que somam US$ 2 trilhões na última década. A análise abrangeu cerca de 4.000 eventos extremos, incluindo enchentes repentinas que destroem residências e secas prolongadas que afetam a agricultura por anos. Apenas nos últimos dois anos, os prejuízos chegaram a US$ 451 bilhões.

O relatório aponta um aumento contínuo desses custos entre 2014 e 2023, com um pico notável em 2017, quando uma série intensa de furacões impactou a América do Norte. Entre os países mais afetados estão os Estados Unidos, que registraram perdas de US$ 935 bilhões, seguidos pela China (US$ 268 bilhões) e Índia (US$ 112 bilhões). Alemanha, Austrália, França e Brasil também figuram entre as nações mais impactadas.

John Denton, secretário-geral da ICC, ressalta que “os dados da última década comprovam que as mudanças climáticas não são um problema futuro, mas uma realidade que já afeta a economia global hoje.” Ele alerta que os prejuízos causados por esses eventos extremos têm impacto direto na produtividade e no funcionamento do setor produtivo.

Ilan Noy, economista especializado em desastres da Victoria University, na Nova Zelândia, embora não tenha participado do estudo da ICC, confirma que os números estão alinhados com pesquisas anteriores. Contudo, ele destaca que esses dados não capturam o impacto total, especialmente nas comunidades mais vulneráveis. “O que realmente importa é o sofrimento e as perdas humanas em países pobres, onde a infraestrutura e os sistemas de proteção são mais frágeis”, afirma.

Em estudo realizado no ano passado, Noy estimou que os custos anuais dos eventos climáticos extremos relacionados à crise climática chegam a US$ 143 bilhões, sobretudo devido a perdas humanas. Porém, a falta de dados precisos, especialmente na África, limita a abrangência desse cálculo.

O momento atual é crucial: não ampliar o financiamento climático pode aumentar ainda mais esses custos, colocando em risco vidas e economias.

Como exemplo do aumento da frequência desses eventos, o norte das Filipinas enfrenta seu quarto tufão em apenas três semanas. O tufão Toraji (também chamado Nika) atinge a ilha de Luzon com ventos fortes e fortes chuvas previstas, seguindo Trami, Kong-rey e Yinxing, que juntos causaram 159 mortes e deixaram centenas de milhares desabrigados. As operações de socorro e recuperação enfrentam dificuldades devido à sucessão rápida desses desastres.


Texto adaptado de reportagens e relatórios da International Chamber of Commerce, Guardian, Axios, Bloomberg, Newsweek, Le Monde e Clima Info.


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