Wilson Francisco Britto Wasielesky Junior é professor titular e pesquisador do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), onde também se formou em graduação, mestrado e doutorado. Especialista em carcinicultura — criação de camarões em cativeiro —, atua principalmente em reprodução, larvicultura e cultivo de camarões marinhos, sempre com foco em sistemas sustentáveis de produção.
Ao longo de sua carreira, já publicou 276 artigos científicos, orientou mais de 120 trabalhos em graduação e pós-graduação, e coordena o Laboratório de Carcinicultura da FURG, responsável pelo Projeto Camarão na Estação Marinha de Aquacultura.
Por sua contribuição à ciência, foi agraciado com o prêmio O Futuro da Terra, na categoria Cadeias de Produção.
Da graduação à liderança mundial
O interesse pela área começou no fim dos anos 1980, ainda como estudante de Oceanologia, quando ingressou como estagiário na Estação Marinha de Aquacultura recém-fundada pela FURG.
Durante a graduação, passou por diferentes setores da aquicultura, mas foi o cultivo de organismos aquáticos que o fascinou, levando-o da reprodução e larvicultura até o cultivo propriamente dito. Dessa experiência nasceu sua paixão pela carcinicultura.
“O conhecimento da carcinicultura, assim como eu fui crescendo dentro dela, também foi crescendo muito. Hoje é a espécie mais produzida do mundo na aquacultura”, explica.
A criação da tecnologia dos bioflocos
Nos anos 1990, preocupado com os impactos ambientais da produção, Wasielesky buscou alternativas sustentáveis. Foi quando, junto com outros pesquisadores, desenvolveu a tecnologia dos bioflocos — partículas formadas por bactérias, algas e microrganismos que servem como alimento natural para os camarões e ajudam a manter a qualidade da água.
Esse sistema reduz a necessidade de trocas frequentes, economiza água e diminui os efluentes, tornando a produção de camarão mais eficiente e sustentável.
O desenvolvimento foi impulsionado por uma bolsa de pós-doutorado nos Estados Unidos, conquistada após o prêmio Jovem Cientista da Fundação Roberto Marinho. Desde então, a tecnologia se espalhou pelo mundo e consolidou o laboratório da FURG como referência internacional.
Impactos econômicos e sociais
Segundo Wasielesky, os avanços da carcinicultura beneficiam tanto a sociedade quanto o meio ambiente. A produção em cativeiro permite gerar 10 a 20 vezes mais camarão do que a pesca tradicional, o que estabiliza preços e torna o produto acessível para mais famílias brasileiras.
“Quem tem uma renda média que nunca podia comprar 1 kg de camarão, hoje já pode comprar”, destaca.
Com o Brasil produzindo quase 1 milhão de toneladas de aquicultura por ano, o setor se firma como um dos pilares da segurança alimentar e da economia azul.
Reconhecimento
Para Wasielesky, receber o prêmio O Futuro da Terra é uma forma de validação de décadas de trabalho.
“Enxergo sempre como uma certificação. Um prêmio é sempre um destaque, um sinal de que chamou a atenção de algumas pessoas, de uma banca. Isso sempre cai muito bem, assim, pessoalmente. É uma sensação muito boa, certifica que o teu trabalho está sendo bem conduzido”, conclui.