ORGÂNICOS
Governo do Estado de Rondônia
Os extensionistas da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e
Extensão Rural (Emater-RO) que executam o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA), mantido pela Secretária de Estado da Agricultura (Seagri), precisam
garantir, além da qualidade dos produtos adquiridos, uma boa diversidade de
produtos, que vão compor a cesta de alimentos doada pelo Governo às
entidades assistenciais, atendidas pelo PAA.
Nessa hora se vê mais uma vez a importância dos cultivos de várzeas dos
agricultores familiares, ribeirinhos do rio Madeira, porque são eles que
conseguem trazer a maior variedade de produtos frescos fora da safra
e permite à população de Porto Velho o consumo de produtos orgânicos,
porque são cultivados e colhidos sem uso de agroquímicos.
Visitar o Baixo Madeira, em Porto Velho, pode ser uma experiência
reveladora para um observador da vida social do povo ribeirinho, bem como da
economia agrícola na região, um questionamento freqüente, especialmente depois
da cheia histórica do rio Madeira em 2014, é o porquê dessa população insistir
em viver nessa área sujeita a freqüentes inundações. O motivo não é simples,
mais uma boa explicação está na capacidade produtiva das barrancas desse rio de
águas barrentas que arrasta uma imensidade de sedimentos e restos vegetais, que
inclusive renderam o nome originalmente de Rio da Madeira.
Produção agroecológica de frutas e verduras nas várzeas do Madeira é
garantida pela fertilização natural feita pelas cheias do rio
Segundo os pesquisadores e agrônomos que estudaram a agricultura
ribeirinha, os solos de aluvião das margens do rio, inundados periodicamente,
são fertilizados pelos sedimentos minerais e orgânicos, arrastados pelas águas
desde as rochas calcárias da Cordilheira dos Andes, onde estão suas principais
nascentes. Pesquisadores do Instituto Agronômico do Norte, na década de 1950 já
indicavam que os rios de águas barrentas da Amazônia possuíam a capacidade de
repor a fertilidade do solo de suas margens à semelhança do Rio Nilo, na
África, descrito desde os tempos bíblicos.
O modo de agricultura ribeirinha do Baixo Madeira teve inicio
provavelmente com os nordestinos trazidos para a região durante os diversos
ciclos econômicos, principalmente no mais importante deles, o ciclo da
borracha. Longe de tudo, os primeiros migrantes do Estado tinham que produzir o
próprio alimento, e a melhor opção de cultivo era resgatar a agricultura de
vazante, largamente utilizada no nordeste, terra de origem da maioria deles.
Então, descobriram a riqueza de produzir alimentos nos solos de aluvião das
margens do rio Madeira, prática que continua ainda hoje, graças à reposição dos
nutrientes feita nas cheias anuais ou nas enchentes periódicas, ou até mesmo em
inundações excepcionais, como ocorreu em 2014.
A população ribeirinha separa os tipos de solo em categorias, as áreas
altas são chamadas de terra firme e as alagáveis são chamadas de várzeas,
igapós, e barrancos.
Extensionistas sociais acompanham agricultores que fornecem alimentos para programas oficiais, como o PAA |
Os barrancos e as várzeas são melhores aproveitados para a
agricultura, são mais férteis e possuem outras características que facilitam o
cultivo, como menor tempo inundado e vegetação que facilita a remoção para o
cultivo. A terra firme tem vegetação mais densa, o que dificulta o
preparo da área para cultivo, e está mais exposta ao déficit hídrico do verão
amazônico, além disso a fertilidade se perde muito rápido no segundo ou
terceiro cultivo da área.
As inundações parecem um fenômeno inconveniente, no entanto, são elas,
com seus sedimentos, que fazem a adubação natural e gratuita das terras
ribeirinhas, que abastecem com frutas e verduras frescas a população da
capital, Porto Velho. Em algumas áreas, como é o caso da região dos lagos
Cujubim e Cujubinzinho, à beira da estrada que leva à Capital, se pode ver com
freqüência montes de frutas, cobertos por folhas de bananeira. São
principalmente bananas, macaxeira, batata doce e também cereais, como milho e
feijão de praia, aguardando os caminhões da prefeitura, que recolhem os
produtos para as feiras livres e para programas oficiais de compra direta do
agricultor familiar, como o principal deles, que é o PAA, coordenado pela
Seagri e executado pela Emater-RO.
Fonte
Texto: Enoque de Oliveira
Fotos: Enoque de Oliveira
Secom - Governo de Rondônia